“Prezada Priscila,
muito obrigado pelo seu e-mail. Infelizmente não estamos em condições de contratar no momento.
Fazemos votos que você encontre uma ótima empresa em que possa trabalhar.
Não desista. Acredite em você
Obrigado
Oceano“
Começo este texto citando um e-mail que recebi hoje.
Devo esclarecer minha situação atual para que entendam melhor, em suma, estou desempregada há mais de 1 ano, quando fui covardemente demitida no terceiro mês de gravidez. Esclareço também que não foi uma demissão pessoal, ou seja, não devido à gravidez em si, aconteceu uma demissão “em massa” na empresa devido a uma briga societária, esclarecido!
Vocês devem estar se perguntando - “Mas se pode demitir uma grávida?” – e eu respondo que sim, pode! Se não pudesse não o teriam feito... as leis existem para serem descumpridas, oras bolas! Ou então de que viveriam os advogados???
Mas voltando ao e-mail recebido... Acredito que todas as pessoas devem imaginar o quão difícil é procurar emprego, não só pela dificuldade de se achar um trabalho, mas por tudo que envolve o ato de procurá-lo.
Você tem que contatar pessoas com quem não fala há muito tempo, aí o “carão” de estar lá pedindo alguma coisa...
Você tem que avisar a todos que está sem emprego, sujeito a ouvir as mais desnecessárias desculpas do outro, se justificando pela impossibilidade de ajudá-lo, ou ainda uma resposta cheia de compaixão que acaba com a sua auto-estima.
Você tem que fazer pesquisas e mais pesquisas, ligar com cara-de-pau tentando descobrir contatos de empresas e pessoas para quem enviar seu CV, tendo que pagar micos enormes!!!
Você tem que se cadastrar naqueles sites “mico” e pagar para receber miseras ofertas que, na maioria das vezes, não tem nada a ver com você, mas mesmo assim você não pode deixar para lá, pois pode parecer arrogância da sua parte e mais, “deus” pode te castigar...
Você tem que customizar seu CV conforme o “freguês”, de acordo com as necessidades dele... haja criatividade, para depois descobrir que a pessoa nem leu nada!
Você tem que mandar e-mails para “amigos” pedindo os famosos “toques” caso saibam de algum lugar que precise de alguém, sujeito a nem receber respostas.
Você descobre que os empregadores querem nível superior, pós-graduação, inglês fluente, vivência no exterior, 10 anos de experiência, não registram e querem te pagar míseros soldos, sempre!
E os processos seletivos??? Óbviamente caso você consiga chegar a algum, quer MICO maior???
Enfim... tudo isso e mais um pouco.
Em meio a isso, de vez enquando ainda sobra alguma boa alma para salvar a pátria e te fazer acreditar que existe sim luz no final do túnel.
Hoje, tinha decidido reenviar uns CVs que tinha mandado em novembro para uma vasta lista de pessoas/empresas. Mandei e fiquei imaginando se dessa vez teria algum retorno, alguma resposta, se renderia pelo menos uma entrevista, sei lá!
Eis que recebo, para minha felicidade, o e-mail citado no início... nada de mais, uma simples resposta educada para um “NÃO TEMOS VAGAS”, uma resposta tão rara hoje em dia e mas tão desejada pelo simples gesto de responder...
Sabe, é meio humilhante procurar emprego, uma situação complicada que muitas vezes envolve histórias dramáticas, problemas pessoais sérios, longas procuras frustradas, tanta coisa que uma resposta minimamente educada, pode evitar que um pai de família se jogue do viaduto, encha a cara de pinga, caia em depressão ou saia batendo no primeiro que pisar no pé dele.
No meu caso, não tinha a intenção de fazer nada disso, nada dramático, mas confesso que fiquei feliz de ler a mensagem com esse tom de recípocra humildade...
Ainda por cima, me ative aos detalhes como o “não estamos em condições de contratar” , “espero que ache uma ótima empresa”, pensei que ele, de forma muito sutil, se penalizou por não poder me oferecer um emprego! Coitado... talvez eu tenha lhe criado uma crise! Pude preceber nas entrelinhas, que para esse ilustre Sr. Oceano, o "mar não está para peixe", com o perdão ao trocadilho.
Mas o melhor foi o desfecho da mensagem, dizendo para eu não desistir e acreditar em mim... tudo isso vindo de um senhor de nome tão peculiar – Oceano – que lança para o público brasileiro filmes clássicos do cinema mundial.
- Obrigada por me responder, Sr. Oceano! Obrigada também por nos permitir ter em casa, filmes tão legais como "Nós que nos Amávamos Tanto".
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