09 março 2007
Cap IV - "A Saga" ou Como chegar a Uyuni 26/06/2004
Olha eu aqui denovo, sobrevivendo às agruras e venturas
bolivianas...
Para sua despreocupação, devo informá-los que já sarei da diarréia... tive que tomar remédio mas tudo bem...
Ontem deixei a cidade de Sucre em um “mini-bus” (como eles dizem) onde as bagagens eram carregadas “arriba” do dito cujo... Não gostei muito da idéia, principalmente porque a estrada era de terra, imaginem isso!!!
Além do mais, durante a viagem tínhamos que fazer uma baldeação numa outra cidade onde deveríamos trocar de “mini-bus” e pegar outro “mini-bus”... Enfim... a saída de Potosí, marcada para o meio-dia, só aconteceu às 13h, até aí tudo bem...
O problema foi que o tal do motorista, que era cego de um olho e manco (acreditem pois não é exagero!), começou a dar voltas pela cidade, indo e voltando pelo mesmo caminho, sem dar nenhuma satisfação à carga humana que levava consigo, no caso eu mais um monte de pobres diabos dentro do ônibus... Foi quando se deu o “barraco” - " Bamos, Bamos!!! (pronúncia deles).
Depois de muito protesto ele abre a portinha da cabine e grita, como se o estivéssemos insultando: - " Lo ayudante se olvido de la plata!!! Devemos volver, non se pode viajar sin la plata..." - Piada, não??? Mas é verdade... a essas alturas já tínhamos perdido mais 1h e já eram 14h... Mas quando ele finalmente toma o caminho da roça, eis que atropela “una chiquita”! - sim uma menininha!!!!
Aí sim que foi o maior barraco, a menina era super pobre e saiu todo mundo de suas casas querendo bater no “conductor”, linchar sei lá ... a menina estava bem, só sofreu uns arranhões, mas a coisa estava feia...
Ele tentou voltar para trás, ou fugir, deu outra volta inútil na cidade e quando tentamos denovo passar pelo local do acidente, os moradores tinham fechado a estrada e chamado a polícia...
Foi uma saga!!! Tivemos que voltar para a cidade novamente para tentar achar o tal dono da “pseudo” companhia de ônibus, que nem celular tinha...
Enquanto isso eu e os pobres diabos começamos a reivindicar nossos "derechos"... na verdade eu só queria que tirassem minha mochila, lá de cima dequela geringonça, para eu poder decidir o que fazer e sair daquele ônibus amaldiçoado!!! Eu fiquei muuuito P* da vida!!!
Finalmente acharam o homem, dono da “empresa de ônibus” e tudo ficou ok com a polícia e pudemos finalmente partir de Potosí com o mesmo chofer assassino...
A viagem foi um absurdo, o visual era magnífico, mas a estrada... de terra, tortuosa, cheia de precipícios... se para um motorista normal era difícil, imaginem para um caolho e manco!!! Nada contra pessoas caolhas e mancas, mas é que diante dos aconteciomentos, isso parecia até uma caricatura!
Ele parou uma hora para os “xixis” e eis que descubro que não existiam banheiros na tal parada... O pior, é que o motorista dizia que poderíamos “fazer” em qualquer lugar, mas não tinha nem uma moitinha sequer!!!
Pelo menos chegamos sãos e salvos em Uyuni... depois de muuuitas horas de atraso ebem de noite, no áuge da FRIACA... tudo bem...
O deserto de sal, onde estou agora e o maximo!!! Um visual licérgico, tudo branco e brilhante, andar sem óculos de sol é impossível!!! Aqui tem mochileiros de toda a parte do mundo, um barato!!!
A coisa é muito louca, até parece que você está em um lugar que não existe, uma viagem!!!
Também faz um frio da P***, algo como 1 grau de dia e menos 10 à noite, o que na prática significa usar mais ou menos de 5 blusas. Dormir ou tomar banho é quase impossível, já encontrar um quarto com aquecimento SEGURO, é mosca branca e salve-se que puder!
Por hoje é só... agora sigo viagem para o Lago Titicaca de onde
mandarei mais notícias das alturas.
Besos.
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