12 março 2007
Maternidade Ativa
Ontem, domingão, saímos para visitar uns amigos em Campinas.
Foi muito legal, uma viagem bem família, levando a bebê para conhecer uma coleguinha quase da mesma idade, tudo muito divertido! Os papos totalmente corujas, trocas de experiências dos bebês, do crescimento, das dificuldades dessa fase inicial, enfim.
Quando chegamos em casa, já à noite, fomos ouvir a secretária eletrônica, e tinha um recado de uma amiga, também de longe, deixando um novo número de telefone.
Depois fui checar meus e-mails e tinha lá uma mensagem dessa mesma amiga, em tom de desabafo...
Só para situar, essa amiga, a qual vou chamar de "Terezinha de Jesus", também acabou de ter uma bebê, 4 meses mais nova que a nossa TITINA. Ela também é uma mãe profissional que encara seu papel de forma muito positiva e enriquecedora, assim como eu e algumas outras mães que conheço.
Mas o desabafo da "Terezinha de Jesus" era muito bem fundamentado nas questões práticas da tal maternidade... aquela parte do processo que procuramos não comentar muito para não desanimar os que não tem filhos, para não irritar os maridos, para não deixar os parentes preocupados, para não parecer que entramos numa roubada...
A maternidade é realmente, como diz o poeta "... um tempo sem hora...", muito bem definido! A gente entra nela para sempre, um "sempre" sem data... sem parar! E o tempo é algo totalmente inexistente nesse processo, pois ele passa e a gente não percebe... A gente engravida, a barriga cresce, passam-se 9 meses e nem percebemos que o bebê já vai nascer. O bebê nasce, a gente começa a função de mãe que é non stop! A noite cai, o bebê chora, a gente acorda, depois não dorme mais... aí vai dar banho, amamentar, trocar, fazer dormir... e quando vê o dia passou e você nem tomou banho, nem viu o sol e o relógio não teve a menor utilidade .
A rotina se ajeita, o bebê começa a dormir melhor, mas nem por isso você consegue ver o tempo passar. O bebê tem 6 meses, 9 meses, não é mais tão bebê assim e o tempo continua passando sem a gente perceber.
O tempo passa, corre, voa na maternidade! A gente se olha no espelho e nem se vê; a gente entra no chuveiro, mas não toma banho; a gente deita, mas não dorme; a gente come, mas não se alimenta; a gente vê tudo e não presta atenção em nada; a gente trabalha, mas não consegue fazer nada; não temos tempo para nada, mas fazemos tudo!
Tempo, tempo, tempo... cadê, você???? Não sei onde está o tempo que branqueia meus cabelos, mas não me permite pintá-los; que destrói minhas unhas, mas não permite arrumá-las; que me deixa com fome, mas não me deixa comer; que me engorda, sem que eu tenha tempo de comer... ai, ai, ai...
Pois é, para minha amiga "Terezinha de Jesus", eu digo que o tempo não existe, ele é totalmente relativo à falta do que fazer dos que não tem filhos, à falta de assunto dos que não podem observar os pimpolhos como nós fazemos. E tem mais, o dinheiro também é relativo, de que adiantaria estarmos trabalhando e bem remuneradas, se não teríamos TEMPO de gastá-lo... ahahah!!!
Mas se com a maternidade, descobrimos que o tempo é mero artigo de luxo, descobrimos também que a falta de tempo, é inversamente proporcional à quantidade de amor que temos para oferecer, infinito!!!!
E assim, o "tempo" continua passando e a gente não percebendo... a gente fica braba muitas vezes, chora de tristeza, mas no fundo, no fundo, estamos felizes da vida porque temos só para nós, um sorrisinho lindo e especial, que é só nosso e de mais ninguém.
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