04 janeiro 2008

Enfim Montevideo ou Imprevisto pouco é bobagem...






Caros leitores, depois de alguns dias ausentes, cá estou novamente descrevendo nossas aventuras e "desventuras" latinoamericanas...

Antes de iniciar com as novidades, devo relatar abaixo uma breve divisão de fatos feita por meu ilustre e amado Daniel que considerei muito pertinente para o entendimento cronológico de nossa primeira parte da aventura, aqui vai:

1. O dia em que tudo deu errado;
2. Sto. Miguel em Porto Alegre;
3. O menor Reveillon do mundo;
4. Como sai daqui???;
5. Ilha da Flores (IC. Curta do Jorge Furtado);
6. Na beira da Lagoa (dos Patos);
7. Taim;
8. O último posto antes do fim do mundo;
9. O fim do mundo;
10. Pizza "Uruguaxa" y Cerveza;
11. O homem da cobra...

Voltando...

Como havia dito no outro post, estávamos no Chui, ou melhor, cu do Brasil. Saímos de lá felizes e faceiros a poucos metros de cruzar a fronteira, paramos para a verificação dos documentos na aduana, quando nosso "hermano de la frontera" nos inqueriu sobre os documentos da pequena mochileira Valentina... ah sí, certidão de nascimento, claro! Como informavam todos os locais onde consultamos a esse respeito... Ledo engano... ela precisaria de um passaporte ou uma carteira de identidade para conseguir entrar no Uruguai... Ai, ai, ai... ficamos beges!!!! Nao acreditávamos em mais aquela tempestade! Claro que nosso hermano nos deu a solução para o problema: irmos a uma cidade vizinha, Sta. Vitoria do Palmar, a 20 km dali, na polícia federal, e tirar um passaporte para a pequena Valen... simples assim... demoraria o dia todo, só isso!

Putz... fomos, claro! Chegamos lá e corremos na PF, onde fomos indicados a falar com um tal de "Jesus", aí uma luz surgiu no fim do túnel, sabíamos que Jesus iria nos salvar antes do dia terminar, UFA! Só Jesus Salva!!!
A Valen estava toda simpática pois ainda era cedo, tipo umas 10h15, chegou lá fazendo a maior amizade com os caras da PF, aí o tal Jesus já se apaixonou por ela e disse que tínhamos que providenciar alguns itens e voltar lá com tudo ok, mas que teríamos prioridade perante os demais casos. UFA 2, graças à Miss Simpatia!!!

Corremos para o centro da tal cidadezinha, que por sinal era muuuito mais simpática que o tal Chui, e providenciamos tudo, desde as fotos 5x7 datadas, até o boleto online e pagamento de taxa, tudo em nada mais que 30min. Voltamos â PF às 10h50, onde a Valen tomou a cadeira da entrada como uma recepcionista, dizendo "oi" e encantando todos que ali chegavam, e só saímos de lá com o passaporte na mao, isso às 11h10. Acreditem se quiserem!
A simpatia e beleza de nossa cria ajudou muito... que orgulho!!!

Enfim, cruzamos a fronteira e o tal hermano nos disse: "Nao falei que era "rapeidinho"?"

Seguimos pela "Ruta 9", estrada que nos traria a Montevideo, e logo paramos na Fortaleza de Sta Teresa(para onde vamos amanhã), para conhecer e ver se era toda a maravilha que nos indicaram... Caralho!!!! É demais!!!! gente, vocês nao acreditam como é legal! Linda!!!! Uma reserva ecológica, com um forte no alto e uma praia abaixo de um penhasco maravilhoso!!! O camping é gigantesco, tem muita área para acampar selvagem ou não, tipo uma cidade! Ficamos na maior pilha, tudo lindo!
Voltamos pra estrada e seguimos com a pretensão de parar em outra praia Uruguaia que nos havia sido indicada por um gaúcho lá no Chui, o nome dela - La Pedrera - em La Paloma. Fomos lá, bem mais pra frente, uns 160km, chegamos na tal praia...

Isso merece um capítulo a parte, uma coisa de louco!!!! Chagamos no tal vilarejo de La Pedrera e me senti em Caraíva, Trancoso, Praia da Pipa... tipo algum lugar misturando todos esses que citei só que em baixíssima temporada, ou seja com muito pouca gente.
Se via logo que era um lugar de moçada, só jovens, rolando um reggae, música de qualidade, gente bonita meio largada, umas pousadas e bares bem charmosos, casas lindas para esnobar qualquer arquiteto meia boca e um vento frio muuuito bom. Vale ressaltar que estava um calor infernal!

Adentramos a vila e fomos parar na tal "Pedrera"... meu deus! O que era aquilo, uma praia num despenhadeiro de pedras lá em baixo, com dunas de areia branquinha ao fundo, muito pouca gente, surfistas, pessoal praticando paraglider e um vento MARAVILHOSO!!!!

E a vista???? de tirar o folego!! Eu e o Daniel olhamos um pro outro e falamos quase que juntos: "Meu, vamos descolar um lugar e ficar aqui!!!! É a noss cara!!!"
A Valen amou aquela vista e o vento, ela erguia os bracinhos como se fosse voar e gritava! Muito linda!
Ficamos por lá algumas horas, almoçamos um rango muito bom e saímos em busca de um lugar pra ficar, dispostos inclusive em abortar Montevideo em nome daquele pequeno paraíso de maconheiros... Enfim, não rolou, estava tudo "lotado", claro! Afinal ali é um ovo de pequeno e estamos em altíssima temporada em um país de 3 milhões de habitantes... Mas ficou a promessa de que vamos voltar pra lá sim, ano que vem, ou no outro e queremos companhia para essa trip.

La Pedrera ficou pra trás e voltamos para a Ruta 9 sentido Montevideo, o calor estava muito punk e eu não aguentava mais dirigir, fiquei meio maus, e passei a bola pro Daniel que seguiu até Montevideo onde chegamos por volta das 19h30.
O caminho foi lindo, os pampas, os rebanhos, as cores verde, amarelada do sol com a paisagem... muitas estâncias, muitas praias que deveriam ser lindas afinal, mas que não pudemos parar. A Valen ficou bem estressada, tadinha, muito dificil ficar sentada naquela cadeirinha com o calor infernal... mas chegamos bem todos.

Montevideo na chegda é meio como toda cidade grande, impressiona para o pior, mas entrando tudo ficou mais claro. Fomos direto ao centro e buscamos um dos hoteis que havia pesquisado pela net. Acabamos ficando no Hotel Balmoral, bem no centro, na Plaza de la Cagancha, em homenagem ao Daniel... prefiro não explicar o porque da homenagem... ahahahah!
Estávamos exaustos da viagem, os 3!!!

No dia seguinte saímos pra andar e começamos a entender a cidade que é bem fácil. Fomos na Rambla Sur que, guardadas as devidas proporções, parece o Malecon Habanero...
A região portuária também é muito parecida com La Habana, mas está tudo bem deixado de lado. A Valen fez mizade com muitas pessoas na rua e por onde passa continua dizendo "oi" ou "hola". Ela está uma fofa!
Hoje fomos ao mercado do Porto, também da cidade velha, mas já uma região mais turística e melhor conservada, ou mais restaurada, adoramos o clima!
Hoje o dia estava bem frio com com sol, um dia lindo e iluminado, mas o vento era gelado e cortante, estava ótimo! O calor aqui em Montevideo é muito ruim, úmido e castiga para caminhar, mas esse vento campineiro ajudou muito no bem estar da família Ferri Pinto hoje, conseguimos até comer parrillada no almoço!

Visitamos vários centros de artesania, vimos várias galerias de arte com obras de artistas locais, coisa que muito encanta a mim e ao Daniel, sempre buscamos ateliers perdidos, escondidos em busca de pequenos tesouros locais.

Uma das coisas mais legais de Montevideo é a balada gastronômica. Não basta comer para matar a fome, tem que comer bem e comer bem significa, sobretudo, comer carne, massa e frutos do mar. A parrilla é um ritual, depois de comer a carne Uruguaia ou mesmo a Argentina, a gente muda de paradigma com relação ao nosso pobre churrasco e à preparaçao das carnes em geral. Que churrasquinho de espeto, que nada, que bifinho que nada, os vegetarianos que me desculpem mas eu quero um "bife de anchío sí"!!!
Ainda bem que o meu paradigma de churrasco já é alto, dado o fato de sempre ter comido os churras bem servidos do meu pai, com peças de picanha com sal grosso, costelinha de porco, peça de contra filé, etc, tudo como manda o figurino...
Tirando a carne, tem também os peixes, muito bons, afinal estamos na costa, num país e cidade de litorâneos... tem também as pasticerias, com dulces, café, os maravilhosos postres com merengue y dulce de leche... ai ai que balada essa de comer aqui no Uruguai... vai deixar saudades...

Amanhã cedo seguimos de volta para a Fortaleza de Sta. Teresa, onde ficaremos acampados por alguns dias, meio isolados mas num paraíso...
De lá também teremos muito o que contar, aguardem.

Hoje a Valen aprontou uma que preciso contar... ela é terrível de esperta, e agora está aprendendo a contar. Pois bem, no café da manha, ela estava brincando com a comida e eu falei: "Valen, quantas vezes eu vou precisar repetir que nao se pode brincar com a comida?" - Eis que ela me responde na maior cara lavada: "... tois, tes, un... eheheheh!!!" Pode uma dessas??? Eu e o Daniel quase morremos de rir e o pior é que ela respondeu certinho o que eu perguntei!

Ontem passamos por uma livraria - aqui tem muitas - e peguei um cartão cujos dizeres eram de Eduardo Galeano, escritor e periodista Uruguaio, fiquei emocionada e quero compartilhar com voces encerrando o post de hoje:

"La utopía está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá.
¿Para que sirve la utopía? Para eso sirve, para caminar."


Besos e a todos e Viva a America Latina llena de tesoros!!!!

Pri

Um comentário:

Anônimo disse...

¿Para que sirve la utopía? Para eso sirve, para caminar."

E... quantos são os caminhos!!! Em todas as direções!!!

Beijos aos três lindos "caminhantes" !!!
Magda